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Farmácias e farmacêuticos por cá

por chocochino, em 11.11.12

Tendo em conta que emigração não é só passeio e comida falta abordar a questão profissional que acaba por ocupar uma grande parte do nosso tempo.

 

Depois da incerteza e insegurança que acompanha a adapação inicial a um novo país e um novo sistema, acrescida do facto de lidar-mos com situações que afectam a saúde e bem estar das pessoas, creio que tudo se começa a encaixar e a fazer sentido e tudo o que no inicío poderiam parecer situações inultrapassáveis fazem agora parte do passado.

 

Tendo em conta que a farmácia que vim gerir era uma farmácia nova em que nenhum do staff alguma vez tinha trabalhado nesta área (vinham de outras secções do hipermercado ou tinham trabalhado anteriormente em pubs) e eu (recém chegado ao país) é que tinha de lhes explicar o funcionamento das coisas (muitas das quais novidade para mim) até que tudo correu bem, elas (as colegas), apesar de pouco sabedoras da área da saúde são muito esforçadas e motivadas por aprender e aliado à cultura da Asda estão habituadas a hierarquia e rapidamente seguem as minhas ordens e orientações. Tudo isto faz com que não haja grande dificuldade de implementação de novos métodos, nem resistência a qualquer tipo de mudança.

 

Após o primeiro mês de abertura da farmácia temos sido bastante elogiados pelos nossos resultados (a nível do valor de vendas), mas que tem muito a vez com a nossa localização junto a uma clinica de urgencias e o facto de quase toda a terra vir fazer compras à Asda. Mas é sempre bom ser-se elogiado!

 

Quanto à profissão em si, existem algumas diferenças em relação à Irlanda e uma imensidão em relação a Portugal:

 

- Uma das principais é a nível cultural, aqui a lei é seguida à risca, não há as zonas cinzentas que havia na Irlanda, nem a miscelânia de cores que há em Portugal e assim nem nunca ninguém sequer se lembra de ir à farmácia pedir um antibiótico sem receita (o que facilita bastate a vida ao farmacêutico).

- A dispensa é em dose unitária como na Irlanda.

- Todas as receitas passam pelas mão do farmacêutico que é o responsável final por tudo o que ocorre da farmácia. Aqui ainda são mais rigorosos do que na Irlanda e nenhum produto exclusivo de farmácia pode ser vendido (sejam OTCs ou mesmo receitas já prontas à espera que o paciente as venha buscar) sem que o farmacêutico esteja presente, no espaço físico da farmácia, e assim muitas vezes quando volto depois de uma ida à casa de banho tenho a assistente de balcão com uma caixa de paracetamol (por exemplo) na mão em frente à caixa registadora e um cliente em frente à espera que eu chegue para fazer a venda e para os cliente é perfeitamente normal e sinal de que as coisas são feitas com segurança.

- A nível de serviços clínicos encontro a maioria das diferenças, pois aqui aposta-se muito na participação das farmácias comunitárias na prestação de serviços, como, testes de colesterol, diabetes e hipertensão, revisão de terapêutica, acompanhamento de pacientes que recebam medicamentos novos (consulta inicial de explicação, contacto após 2 semanas e consulta final ao fim de 1 mês a fim se averiguar se o paciente está a encontrar alguma dificuldade com a nova medicação), consulta e dispensa pelo farmacêutico de certos inaladores para a asma, viagra para a disfunção erectil e medicação para prevenção da malária.

 

Conclusão: está a ser uma boa experiência e certamente, ainda com muita coisa por descobrir

 

PS: Novo post com respostas às perguntas mais frequentes sobre a emigração para o Reino Unido / Inglaterra

http://nadadebaixodacama.blogs.sapo.pt/4594.html

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publicado às 18:22


43 comentários

De Jose Patricio a 01.02.2013 às 08:38

Olá outra vez (chocochino),

Andei a navegar pelos teus blogues e caíu-me o queixo com a tua aventura na Ásia. Para além de achar que és extremamente corajoso, veio-me logo à cabeça o que fará alguém querer sair da Irlanda para ir para a China ensinar inglês?!? Não tou aqui a questionar os teus motivos e a minha namorada era sufientemente maluca para fazer uma coisa dessas.
Neste momento tou mais inclinado para a Irlanda porque penso que haverá menos farmacêuticos e a vida será mais calma, visto que daqui a pouco tempo vou ser pai.Fazes ideia acerca do futuro profissional de um farmacêutico na irlanda, tendo em conta que a troika também aterrou lá e a Inglaterra começa a mostrar vontade de sair da UE.

Tenho dois amigos que já fizeram uma viagem longa pela Irlanda e foram unânimes em falar muito bem das pessoas, mas uma coisa são férias outra bem diferente é trabalhar! Achas que os portugueses são bem aceites pelos irlandeses, não se notam traços de xenofobia ou desprezo pelos imigrantes, como em algumas zonas da inglaterra?

Neste momento estou a acabar um curso de Inglês para fazer o CAE (Certificate of Advanced English) em junho - penso que será uma mais valia em termos curriculares. Pelo menos parece que o exigem para a Inglaterra.

Neste momento tenho trabalho e até um bom ordenado tendo em conta a situação que o país atravessa, mas tenho sempre a vontade de melhorar. Contudo, há sempre aquele receio de estar a dar um passo maior que a perna e perder tudo o que já consegui. Num primeiro momento nem sequer ponderava levar a família atrás, mas se as coisas corressem bem esse seria o passo seguinte. o problema é que as coisas teriam de correr mesmo muito bem porque a minha namorada trabalha na Saúde Pública e, pesando bem as coisas, a Inglaterra oferece muitos benefícios sociais, que eu desconheço se também existem na Irlanda.

Agradeço a tua disponibilidade e as tuas explicações. Se te lembrares de mais alguma coisa que me possa ajudar a esclarecer estas dúvidas agradeço-te.
Um abraço e continua a escrever porque os teus blogues são impecáveis,

José Patrício

De chocochino a 01.02.2013 às 19:18

Obrigado pelos comentários a cerca dos blogs. Comecei a escreve-los um pouco como um diário, ou mesmo um álbuns de recordações e de momentos sui generis " para mas tarde recordar, rir ou mesmo chorar com eles. Mesmo agora, quando me dá a nostalgia volto a lê-los.

A ideia da China surgiu muito por culpa da convivência com amigos e conhecidos irlandeses que se tinham aventurado por esse campo do ensino de inglês em lugares tão dispares como o Vietname, Camboja , China ou Japão. A necessidade de ir surgiu um pouco de um acumular de rotinas e da necessidade de fazer algo diferente... é difícil de explicar... (identifico imenso o que se passou com esta musica: http :/ www.youtube.com /watch?v=D9zq6Ggzjoc) Acabámos na China por culpa do acaso e adorámos toda a esperiência.

Se procuras um sitio mais calmo para assentar com a família sem dúvida que recomendo a Irlanda. As pessoas são impecáveis e desde que não te importes com o chuvisco permanente e verões em 25C é uma coisa apenas vista apenas a cada década vais-te dar bem.

Quanto a xenofobia existe alguma quanto a estrangeiros mas principalmente aqueles menos qualificados e exilados politicos que vivem à custa da segurança social. Nos 5 anos que lá vivi fui sempre extremamente bem tratado. E toda a gente te pergunta o que é que um português faz na Irlanda quando temos Sol em Portugal...

Quanto a beneficios sociais a Irlanda tinha-os até em demasia (talvez a necessidade do FMI) para as classes baixas e desempregados. Por exemplo a licença de maternidade era paga a um valor fixo, independentemente do ordenado, o que era excelente para quem tivesse baixos salários e péssimo para salários elevados. O subsidio de desemprego era vitalício. Uma ida às urgencias do hospital era gratuita para quem tivesse baixos rendimentos, eu fui lá uma vez e paguei €100. Tudo isto à cerca de 3 anos atrás.

Quanto à formação em Inglês, nunca me pediram qualquer curso ou exame de inglês quer quando fui para a Irlanda, quer quando vim para Inglaterra (apenas quando fui para a China, mas aí ia ensinar a língua) mas se a tiveres será sempre uma mais valia e motivo de destaque de outros CVs. Quando fui apenas tinha o inglês obrigatória do ensino secundário apenas mais tarde fiz o Proficiency in English de Cambridge.

Se quiseres investigar mais a possibilidade deixo-se aqui alguns sites:

-PSI (o equivalente da nossa ordem - registo obrigatorio para farmaceuticos) http ://www.thepsi.ie/gns/registration/pharmacists/overview.aspx

- Uma agencia de recrutamento irlandesa - http ://www.cplhealthcare.com/

- site de aluguer e compra de casas - http ://www.daft.ie/

Mais alguma coisa vai dando notícias.

De João Pedro Quirino a 14.04.2013 às 11:08

Olá, gostaria de te fazer umas perguntas já que me pareces estar muito bem informado.
Sou farmacêutico com experiência de farm. comunitaria de 1 ano e meio, já tentei algumas vezes procurar emprego em inglaterra só que esbarrava sempre nas especializações farmaceuticas que fazem ai.
Em varias feiras de emprego os recrutadores ingleses dizem-me que o mercado está saturado e já estão muitos farmaceuticos sem emprego
A minha questão é se isto é mesmo verdade e senão quais são os melhores sites agencias para procurar (inglaterra ou irlanda)

De chocochino a 16.04.2013 às 10:41

É verdade que o mercado está saturado, quanto a haver farmacêuticos no desemprego não se será verdade, pois com a possibilidade de trabalhar como locum acabam sempre por trabalhar alguns dias por semana.

Quanto ao problema das especializações, as mais comuns e requiridas são MUR (Medicines Usage Review) e NMS (New Medicines Service) que se estiveres mesmo decidido em vir para Inglaterra podes fazer à distância através destes sites:

http://www.skillsformurs.co.uk/redirect/Redirect.action
http://www.cppe.ac.uk/

o primeiro custa cerca de €100 e o segundo é gratuito para membros da GPhC ou também tem algum custo para não membros.

A principal dificuldade é conseguir o primeiro emprego no Reino Unido porque depois de ter experiência é bastante mais fácil mudar.

Ficam aqui algumas agências:
http://bestpersonnelpt.webs.com/
http://www.prospect-health.com/
http://www.ppruk.com/

e podes também procurar em sites gerais como:
http://ec.europa.eu/eures/
http://www.jobisjob.co.uk/

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