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Aventuras e desventuras de um português em terras da bretanha
Tendo em conta que emigração não é só passeio e comida falta abordar a questão profissional que acaba por ocupar uma grande parte do nosso tempo.
Depois da incerteza e insegurança que acompanha a adapação inicial a um novo país e um novo sistema, acrescida do facto de lidar-mos com situações que afectam a saúde e bem estar das pessoas, creio que tudo se começa a encaixar e a fazer sentido e tudo o que no inicío poderiam parecer situações inultrapassáveis fazem agora parte do passado.
Tendo em conta que a farmácia que vim gerir era uma farmácia nova em que nenhum do staff alguma vez tinha trabalhado nesta área (vinham de outras secções do hipermercado ou tinham trabalhado anteriormente em pubs) e eu (recém chegado ao país) é que tinha de lhes explicar o funcionamento das coisas (muitas das quais novidade para mim) até que tudo correu bem, elas (as colegas), apesar de pouco sabedoras da área da saúde são muito esforçadas e motivadas por aprender e aliado à cultura da Asda estão habituadas a hierarquia e rapidamente seguem as minhas ordens e orientações. Tudo isto faz com que não haja grande dificuldade de implementação de novos métodos, nem resistência a qualquer tipo de mudança.
Após o primeiro mês de abertura da farmácia temos sido bastante elogiados pelos nossos resultados (a nível do valor de vendas), mas que tem muito a vez com a nossa localização junto a uma clinica de urgencias e o facto de quase toda a terra vir fazer compras à Asda. Mas é sempre bom ser-se elogiado!
Quanto à profissão em si, existem algumas diferenças em relação à Irlanda e uma imensidão em relação a Portugal:
- Uma das principais é a nível cultural, aqui a lei é seguida à risca, não há as zonas cinzentas que havia na Irlanda, nem a miscelânia de cores que há em Portugal e assim nem nunca ninguém sequer se lembra de ir à farmácia pedir um antibiótico sem receita (o que facilita bastate a vida ao farmacêutico).
- A dispensa é em dose unitária como na Irlanda.
- Todas as receitas passam pelas mão do farmacêutico que é o responsável final por tudo o que ocorre da farmácia. Aqui ainda são mais rigorosos do que na Irlanda e nenhum produto exclusivo de farmácia pode ser vendido (sejam OTCs ou mesmo receitas já prontas à espera que o paciente as venha buscar) sem que o farmacêutico esteja presente, no espaço físico da farmácia, e assim muitas vezes quando volto depois de uma ida à casa de banho tenho a assistente de balcão com uma caixa de paracetamol (por exemplo) na mão em frente à caixa registadora e um cliente em frente à espera que eu chegue para fazer a venda e para os cliente é perfeitamente normal e sinal de que as coisas são feitas com segurança.
- A nível de serviços clínicos encontro a maioria das diferenças, pois aqui aposta-se muito na participação das farmácias comunitárias na prestação de serviços, como, testes de colesterol, diabetes e hipertensão, revisão de terapêutica, acompanhamento de pacientes que recebam medicamentos novos (consulta inicial de explicação, contacto após 2 semanas e consulta final ao fim de 1 mês a fim se averiguar se o paciente está a encontrar alguma dificuldade com a nova medicação), consulta e dispensa pelo farmacêutico de certos inaladores para a asma, viagra para a disfunção erectil e medicação para prevenção da malária.
Conclusão: está a ser uma boa experiência e certamente, ainda com muita coisa por descobrir
PS: Novo post com respostas às perguntas mais frequentes sobre a emigração para o Reino Unido / Inglaterra
http://nadadebaixodacama.blogs.sapo.pt/4594.html
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